BELO HORIZONTE (03/05/10) – O processo de revitalização do rio Cheonggyecheon (pronuncia-se Cheon–gay-cheon), na cidade de Seul, na Coreia do Sul, será apresentado no 2º Seminário Internacional de Revitalização de Rios, organizado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), que acontece no Minascentro, em Belo Horizonte, de 10 a 12 de maio. A recuperação do rio coreano foi um dos principais exemplos na atualidade, que teve como consequências a volta de peixes e a queda na temperatura da bacia.
A ideia de revitalização do Cheonggyencheon foi a principal proposta de campanha de um candidato a prefeito da cidade de Seul, em 2001. Lee Myung-bak conseguiu mobilizar e conscientizar a opinião pública de que a recuperação do rio era vital para o desenvolvimento da cidade e que isso implicaria na retirada das autopistas. Com o apoio de 80% da população, ele foi eleito com o compromisso de transformar a região em um centro turístico, além de um dos espaços públicos mais modernos, melhorando a qualidade de vida dos cerca de 10,3 milhões de moradores da cidade.
Revitalização
As obras começaram em julho de 2003, com a remoção de mais de 620 mil toneladas de concreto, material que foi totalmente reciclado em outras construções na cidade. Foram investidos cerca de US$ 700 milhões durante os cinco anos de desenvolvimento do projeto.
A despoluição do Cheonggyencheon foi alcançada com a construção de um interceptor paralelo ao rio que coleta o esgoto e leva para uma estação de tratamento. A qualidade da água passou de uma Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) superior a 150mg/l para 2 mg/l. A DBO é o parâmetro que mede a quantidade de material orgânico presente na água, quanto menor o índice, melhor a qualidade da água, o que propicia a reprodução das espécies e fauna aquáticas.
Atualmente existe mais de 25 espécies de peixes no Cheonggyecheon. Também foi criado um parque com 8 km de comprimento e 80 metros de largura em toda a extensão do rio, dando passagem ao leito natural.
Outro importante ganho ambiental foi a queda de 3,6°C na temperatura na área próxima ao rio, em relação a outras regiões da cidade, devido à renaturalização do Cheonggyecheon e às interferências urbanísticas. O tráfego pesado diminuiu consideravelmente, os motoristas mudaram os hábitos e optaram por novos sistemas de transportes. Todas as intervenções indicam a melhora na qualidade ambiental da cidade e na recuperação urbana nos bairros que ficam às margens do Rio Cheonggyecheon.
Histórico
O rio corta a região central da cidade e era responsável por várias enchentes. A partir de 1955, as autoridades locais decidiram cobrir o Cheonggyencheon. O principal objetivo era transformar a região por onde o rio passava, considerada símbolo de pobreza, em uma área moderna e desenvolvida. O primeiro passo foi construir um elevado com 5.864 metros de comprimento para tráfego de veículos. Como o número de carros aumentava a cada dia foi necessária a construção de uma segunda via de alta velocidade, com seis pistas. Ao invés de se transformar em uma área moderna, a região se tornou a mais degradada, poluída e barulhenta da cidade, com mais de 160 mil carros transitando nas autopistas por dia.
Desafios
O presidente do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), Marcos Túlio de Melo, ressalta que o caso de Seul, devido à condição econômica do país e também a sua situação geopolítica, fez com que os altos investimentos da revitalização, além de recuperar parte da qualidade de vida da cidade, tornou mais atrativa como cidade estratégica no cenário empresarial naquela região do mundo, otimizando os investimentos e dando sustentabilidade.
Marcos Túlio de Melo lembra ainda que o planejamento urbano rigoroso realizado de maneira democrática evita situações extremas tais como a solução dada em Seul.
Seminário
O projeto de revitalização do Cheonggyecheon será apresentado no 2º Seminário Internacional de Revitalização dos Rios. O evento será realizado em Belo Horizonte e faz parte de um projeto de criação de um movimento internacional pela revitalização de rios. Um dos objetivos é contribuir para o intercâmbio de projetos desenvolvidos em diferentes pontos do planeta, dando continuidade também nas ações do Projeto Estruturador do Estado de Minas Gerais “Meta 2010”.
As inscrições para o 2º Seminário Internacional de Revitalização dos Rios deverão ser feitas mediante depósito bancário em nome do Instituto Guaicuy (Projeto Manuelzão): Banco do Brasil, nº 001, Agência Saúde, nº 3609-9, conta corrente 13322-1, até esta sexta-feira (7), ou até que as vagas tenham sido totalmente preenchidas. Para enviar a inscrição basta entrar no site do Projeto Manuelzão. A inscrição será efetivada após o envio do comprovante de depósito pelo fax (31) 3915-1917 ou pelo e-mail participativo@meioambiente.mg.gov.br.
Fonte: Agência Minas – Notícias do Governo do Estado de Minas Gerais