Mais de três anos de pesquisa e vários meses destinados ao processo de diagramação e edição. Foi esse o tempo investido na produção do Almanaque Centenário, publicação da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), que, tomando como base a coleção do Diário Oficial e dos congêneres que o precederam (Imprensa Oficial, de 1916 a 1924, e Diário do Estado, desta data até 1944), faz um amplo levantamento não apenas da trajetória do próprio periódico nas últimas dez décadas, mas também da história de Pernambuco, do Brasil e do mundo nesse período. Tudo isso de forma bem ilustrada, com 432 fotos e desenhos.
As pesquisas nas coleções dos jornais foram realizadas pelos jornalistas Albuquerque Pereira e Ariadne Quintella, que, segundo revelam, tiveram muitas e boas surpresas ao verificarem que as informações e dados levantados não se restringiam a matérias de natureza legal, mas retratavam todo o clima sociocultural, político e econômico da época. Desde crônica social apócrifa até intrigas políticas, passando por revoluções, arruaças e crimes.
Para se ter uma visão mais panorâmica de cada período histórico, os jornalistas Homero Fonseca e Carolina Leão produziram pequenas crônicas de abertura das seções. Com o mesmo objetivo, foram também convidados para escreverem os artigos que abordam cada década do centenário os pesquisadores Joana D'Arc de Souza Lima, Marcos de Araújo Silva, Sylvia Couceiro, Túlio Velho Barreto e os professores Antônio Torres Montenegro, Flávio Weinstein Teixeira e Maria das Graças Andrade Ataíde de Almeida.
Primeira Guerra Mundial, gripe espanhola, o Graf Zeppelin no Recife, Revolução de 30, Estado Novo, Segunda Guerra, suicídio de Getúlio Vargas, golpe militar de 1964, consolidação da TV como mídia popular, visita do papa João Paulo II à capital pernambucana e o movimento Manguebeat – esses são alguns do fatos e episódios focalizados nas 265 páginas do livro, que ganhou o formato de almanaque para tornar atraente e agradável uma massa de informações cujo principal objetivo sempre foi o de tornar público, numa linguagem específica, os expedientes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Grande parte da tiragem será destinada à rede de bibliotecas públicas do Estado.
O diretor de Edição e Produção da Cepe, Ricardo Melo, que concebeu o projeto do almanaque, destacou a importância da Imprensa Oficial no registro dos fatos históricos. "A publicação procurou registrar ano a ano essa produção da Imprensa Oficial. O livro foi feito no formato de almanaque para tornar a leitura mais atraente para os que não tem o hábito de acompanhar os atos governamentais. Ao longo desses três anos, foram selecionadas notas que vão despertar a curiosidade do leitor", explicou Melo.
Governador – O primeiro exemplar do Almanaque Centenário foi entregue ao governador de Pernambuco, Paulo Câmara, em encontro com a participação de Ricardo Melo, do secretário de Imprensa, Ennio Benning; o secretário executivo da Casa Civil, Marcelo Canuto; o superintendente de Produção Editorial da Cepe, Luiz Arrais e o superintendente de Produção Gráfica da Cepe, Júlio Gonçalves.
"Esse almanaque retrata um pouco a história de Pernambuco e dos Poderes. E com certeza o livro é uma permanente fonte de consulta, que irá manter viva as nossas tradições, além da boa política que os governadores de Pernambuco sempre fizeram. Será mais uma publicação que vai perpetuar bons exemplos para as novas gerações", afirmou o governador Paulo Câmara. A obra não tem fins comercias e será distribuída nas bibliotecas e órgãos públicos estaduais.
A Imprensa Oficial foi criada em 27 de dezembro de 1915, por ato do governador Manuel Borba. Mas a primeira edição do jornal circulou no dia 14 de janeiro de 1916.