4 de outubro de 2011 – Nas comemorações do aniversário de 149 anos do Diário Oficial da União-DOU (1º de outubro), a Imprensa Nacional realizou na tarde de ontem o painel “Diários oficiais: entre o impresso e o eletrônico”, com a participação, como debatedores, de representantes das imprensas oficiais dos estados do Pará, Mato Grosso, Rio Grande do Norte e Espírito Santo, respectivamente Cláudio Rocha, Luiz Armando Vitório, Valmir Bezerra de Araújo e Mirian Scárdua. O debate também teve a participação do coordenador-geral de Publicação e Divulgação, Jorge Guerra, e a mediação do diretor-geral do Órgão, Fernando Tolentino.
Uma exposição com os principais serviços gráficos da Imprensa Nacional, retomados em 2008, foi aberta ao público no saguão do prédio também na tarde de ontem. A mostra integra a programação dos 149 anos do Diário Oficial da União e ficará no Museu da Imprensa.
JORGE GUERRA MOSTRA EVOLUÇÃO DO DOU
O evento teve início com a explanação de Jorge Guerra, que apresentou dados históricos do caminho do DOU até à modernização atual e revelou que, hoje, as publicações têm cerca de 25 mil origens e o fluxo de produção das versões impressa e eletrônica chega aos 452.599.764 arquivos. Mostrou também que atinge 167.030.330 o número de visitas anuais, que se concentram principalmente em torno das 9h da manhã. Segundo Jorge Guerra, apesar da significativa queda de assinaturas das edições impressas a partir da sua disponibilização em meio virtual, a tendência atual é de estabilização.
ESPÍRITO SANTO DEFENDE COEXISTÊNCIA DO IMPRESSO E ELETRÔNICO
A diretora administrativa financeira da Imprensa Oficial do Espírito Santo, Mirian Scárdua, informou que o Órgão é uma autarquia superavitária, sendo o resultado positivo revertido anualmente para ações do governo estadual. São mantidas versões impressa, com uma tiragem de 800 exemplares, e eletrônica, com três mil consultas diárias. “Defendemos a coexistência das duas versões até que se obtenha mais segurança no meio virtual”, afirmou. Ela considera pequenos os acessos eletrônicos quando comparados à população de 3.800.000 habitantes do Estado. “Onde está o restante da população?”, indagou. O acervo está digitalizado do ano de 2003 em diante e já há acessibilidade no sítio eletrônico para deficientes visuais desde 21 de setembro deste ano.
Mirian Scárdua propôs a união da Imprensa Nacional com as demais imprensas oficiais para aproximar as decisões do governo dos cidadãos. A autarquia também publica a revista mensal D, dirigida ao segmento de artes. A diretora presenteou a Imprensa Nacional com um cordel e montagem gráfica da artista plástica e escritora Kátia Bobbio, que descreve em versos as designações do DOU ao longo do tempo. O trabalho é ilustrado com uma foto da impressora Marinoni que se encontra nos jardins da Imprensa Nacional e imprimiu o primeiro Diário Oficial produzido em Brasília, na data da inauguração da Capital.
RIO GRANDE DO NORTE AGUARDA MODERNIZAÇÃO
O subcoordenador de Informática da imprensa oficial do Rio Grande do Norte, Valmir Bezerra de Araújo, informou que a publicação dos atos oficiais do Estado começou em 1889, no jornal privado A REPÚBLICA, criado por Pedro Velho de Albuquerque. O diário adquiriu independência em 1932, desde quando circula ininterruptamente. Hoje a tiragem é de 600 exemplares impressos do Diário Oficial e 400 do Diário da Justiça, este com matérias exclusivas da Justiça Federal no Estado. A versão eletrônica do diário oficial está 100% certificada.
Conforme Valmir Bezerra, a publicação de atos dos tribunais de justiça em suas próprias páginas eletrônicas, a partir de 2008, gerou demissões e uma queda de 60% no faturamento da imprensa oficial potiguar, fato que obrigou as secretarias a pagarem a publicação dos seus atos, pois a receita oriunda da iniciativa privada era insuficiente para cobrir os custos.
O Órgão também mantém um suplemento cultural, com 16 páginas, um jornal e uma revista. Para o subcoordenador, o diário oficial deve chegar a todas as classes sociais, de modo a ampliar a visibilidade do papel das imprensas oficiais.
PARÁ ANUNCIA IMPRESSÃO EM BRAILE
A Imprensa Oficial do Pará, segundo seu diretor-presidente, Cláudio Rocha, é também uma autarquia superavitária, dona de um página eletrônica com dez mil visitas diárias. A digitalização começou em 1998, mas o “diário oficial é uma colcha de retalhos digital com arquivos em vários programas diferentes e ainda com divergência do publicado nas versões impressa e eletrônica”, diz o diretor.
Há iniciativas recentes, como a prestação do serviço de impressão e consulta em braile para deficientes visuais. “Temos quatro milhões de cegos sem acesso no Brasil”. Outros serviços são a recuperação da editora, hoje com três títulos publicados, e a manutenção de uma sobrecapa com notícias dos atos de governo.
Na opinião de Cláudio Rocha, as imprensas oficiais precisam se abrir para a modernidade digital, sem renunciar à segurança do papel, com a redundância das duas versões. No final, ele alertou para o perigo da inconsistência: “Precisamos proteger o DO eletrônico de modo a impedir que alguém possa excluir dados de um ato já publicado”.
MATO GROSSO ELIMINA JORNAL IMPRESSO
O superintendente da Imprensa Oficial do Mato Grosso, Luiz Armando Vitório, informou que o diário oficial eletrônico do Estado é “irreversível” desde 2008, quando ainda eram impressos 400 exemplares. Atualmente, são impressos apenas cinco exemplares. O sítio, totalmente certificado, recebe três mil acessos diários, inclusive do exterior, como Estados Unidos, China e Portugal.
O dirigente informa que há no Órgão um serviço de auxílio aos internautas durante o expediente de oito horas e que está em curso a digitalização dos últimos quarenta anos das edições impressas do diário estadual.