Com a realização de uma sessão solene da Câmara Legislativa do Distrito Federal-CLDF, a Imprensa Nacional antecipou de amanhã (13/5) para hoje (12/5) a comemoração dos seus 202 anos de atividades, celebrados conjuntamente com os 50 anos da transferência para Brasília, os 30 da Creche Leôncio Correia, os 28 do Museu da Imprensa e os 47 da Associação dos Servidores-Asdin, todos lembrados com faixas de parabéns.
A cerimônia aconteceu no auditório D. João VI, onde a CLDF se instalou sob a presidência da deputada distrital pelo Partido dos Trabalhadores, Erika Kokay, autora do requerimento da sessão solene em homenagem ao aniversário da IN. A distrital convidou para compor a mesa com ela o Diretor-Geral, Fernando Tolentino, a presidente da Asdin, Denise Guerra, o presidente da Associação dos Servidores Aposentados da IN-Asapin, Zózimo Barbosa, e o presidente da União Nacional dos Profissionais de Recursos Humanos, Humberto Borges, que falaram para um auditório ornamentado com balões azuis e brancos e lotado por servidores ativos e aposentados, colaboradores e alunos da creche Leôncio Correia.
ERIKA KOKAY DIZ QUE O AMOR DOS SERVIDORES PELA IN CONTAGIA
Após a execução do Hino Nacional pela banda do Corpo de Bombeiros Militar do DF, regida pelo tenente Elton, iniciou-se a série de pronunciamentos, abertos por Erika Kokay. “Hoje temos muito o que comemorar”, afirmou a deputada antes de saudar os aniversariantes do dia e lembrar a todos que os 50 anos da IN em Brasília são “fruto do sonho e do projeto nacional do presidente Juscelino Kubitschek de transferir a capital do País”. Lembrou também da determinação de JK em ter a Imprensa Nacional estabelecida aqui para publicar os primeiros atos da nova capital no Diário Oficial da União e no Diário da Justiça, impressos por 50 servidores transferidos do Rio de Janeiro. Enfatizou ainda que o Setor de Indústrias Gráficas nasceu e foi criado em função da existência da Imprensa Nacional, que imprimiu o primeiro livro e o primeiro jornal do Brasil.
Referindo-se à luta dos servidores e colaboradores pela preservação da IN, Erika comparou-os ao trecho do Hino Nacional — “Verás que um filho teu não foge à luta” —, e relembrou ilustres trabalhadores da Casa, como Machado de Assis e Manuel Antonio de Almeida. “Tantos outros fizeram desta Casa a Imprensa Nacional que temos hoje, a Imprensa Nacional que muitos não queriam, mas que hoje comemora 202 anos e pertence ao povo brasileiro”. Segundo ela, os servidores e terceirizados são guardiões da Imprensa Nacional e “têm um amor que contagia”. Para a deputada, a IN é parte fundamental da história do Brasil, “um país que demorou a reconhecer Zumbi dos Palmares como herói nacional, mas quando o fez coube ao Diário Oficial validar o ato”. Na sua conclusão desejou “muita vida longa à Imprensa Nacional”.
HUMBERTO BORGES, ZÓZIMO BARBOSA E DENISE GUERRA MOTIVAM SERVIDORES
Convidado à mesa como presidente da União Nacional dos Profissionais de Recursos Humanos, Humberto Borges elogiou o relato de Erika e acrescentou que a luta dos servidores da IN ainda não terminou. O momento de aproximação das eleições, conforme ele, serve para renovar as expectativas e para recordar que a vida longa da Imprensa Nacional depende da unidade de seus servidores.
Como presidente da Asapin, Zózimo Barbosa ressaltou que por ter trabalhado e exercido várias funções no Órgão, sentia-se à disposição dos colegas para ajudá-los a manter a Imprensa Nacional viva por muitos anos com o trabalho externo realizado hoje. “O que aprendi aqui transmiti a outros amigos. Ajudei e fui ajudado por todos vocês”.
Denise Guerra mostrou-se honrada em participar deste momento histórico para todos. Reafirmou a atuação de 47 anos da Asdin, “sempre em defesa de seus associados”. De acordo com ela, a luta de hoje é conquistar o plano de reestruturação de cargos para a IN, cujos servidores detêm uma atividade atípica e merecem o reconhecimento e a valorização por meio de um plano de carreira específico. Denise acredita que ainda há tempo de se implantar o plano no governo Lula, hoje na pendência “de disposição e apoio governamental”. Uma motivação adicional vem — continuou Denise — “pela parceria e respeito mútuo entre a Asdin e Direção da Imprensa Nacional”.
DIRETOR-GERAL DIZ QUE O MOMENTO É DE VOAR
No encerramento dos discursos, Fernando Tolentino acrescentou um fato novo aos muitos já divulgados por Nosso Jornal a respeito da transferência da Imprensa Nacional para Brasília. Na sua recente reunião no Rio de Janeiro com aposentados e pensionistas de lá, o Diretor-Geral conversou com o filho de um dos servidores da IN que fora incumbido de selecionar os impressores que rodaram o Diário Oficial no dia da inauguração de Brasília, por determinação do presidente JK. Ao mostrar a relação ao Diretor-Geral da época, Britto Pereira, este não os teria considerado como os melhores tecnicamente e quis saber, afinal, o porquê daqueles nomes. “Eles são os mais calados”, respondeu o servidor. Com essa atitude estava preservado o sigilo da publicação dos atos da transferência da capital para Brasília. Nesse exemplo, Tolentino exaltou a manutenção do sigilo dos atos oficiais até o momento da sua publicação nos Diários Oficiais e criticou os defensores da terceirização dessa atividade.
Em seguida, Tolentino saudou a deputada Erika Kokay pela realização da sessão solene e por ser uma das poucas presenças da Câmara Legislativa que trabalha para resgatar aquela instituição. “Outros distritais não estão aqui, pois participam de uma CPI para, justamente, identificar todos os culpados pelo emporcalhamento da imagem da Câmara Legislativa. Não poderia deixar de fazer esse agradecimento e pedir que a companheira conduza o agradecimento aos demais deputados que se vinculam a esse segmento ético da Câmara Legislativa do DF.”
Tolentino acrescentou que a Imprensa Nacional passou por processo semelhante, quando da tentativa de extinção do Órgão. “Sabemos que a Imprensa Nacional talvez não tivesse sobrevivido se não fosse um governo que sepultou a política do Estado mínimo e o substituiu pela política do Estado forte, de servidores públicos eficazes, de servidores públicos prestadores de serviços efetivamente à sociedade brasileira”. O Diretor-Geral salientou a necessidade de realização de concurso público na Casa, para a renovação de mão-de-obra e “para renovar inclusive a freqüência à Creche Leôncio Correia”, que destina vagas também a filhos de servidores da Presidência da República.
O Diretor-Geral enalteceu o papel relevante das mulheres neste momento especial, reservado às mãos de Denise aqui dentro, “pela condução de nossos sonhos”; nas mãos da projeção futura de Érika lá fora “com quem teremos também uma defesa mais firme, com relação a projetos que ainda tramitam e que tentam tirar pedaços da Imprensa Nacional; enfim, nas mãos de Dilma Rousseff, “que cede à tentação de continuar ministra de um Governo que engrandece todos os que participam dele, para ceder o seu nome à população brasileira”. Na opinião de Tolentino, o momento é de voar. “Passou aquele momento em que a Fênix ameaçava virar cinzas. O momento hoje, felizmente, nós temos nas mãos de mulheres, que como ninguém sabem fazer voar”, concluiu.