A taxa de desemprego atingiu o seu menor índice na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ao cair para 9,6% da População Economicamente Ativa (PEA) em julho. É a menor taxa registrada desde dezembro de 1996, quando a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese), a Fundação João Pinheiro (FJP) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio Econômicos (Dieese) passaram a levantar os níveis de desemprego na RMBH através da Pesquisa de Emprego e Desemprego.
De acordo com o sociólogo e coordenador da pesquisa pela FJP, Plínio de Campos Souza, “esta tendência vem se mantendo desde julho de 2007, quando a taxa foi de 12,3%, caindo para 11,5% em outubro, 11,1% em dezembro, 10,7% em maio deste ano, 9,9% em junho, recuando para 9,6% em julho”. Nesse período, registrou-se aumento de 41 mil pessoas na População Economicamente Ativa (PEA), que foi estimada em 2,633 milhões de pessoas, e geração de 45 mil postos de trabalho, diminuindo o contingente de desempregados em 4 mil. O número de ocupados chegou a 2,380 milhões de trabalhadores.
Todos os setores
Os setores que mais geraram empregos de junho para julho foram os serviços, com 27 mil vagas a mais, seguido da indústria (12 mil), comércio (7 mil) e construção civil (4 mil ocupações). O chamado “outros setores” (serviços domésticos, agricultura, pecuária, extração vegetal e outras atividades) perdeu 5 mil ocupações no período.
Foram geradas 30 mil ocupações entre os trabalhadores com carteira assinada e 1.000 entre os assalariados sem carteira entre junho e julho. No setor público foram criados 4 mil empregos e entre os autônomos 14 mil postos. No emprego doméstico houve decréscimo de 6 mil ocupações e nas “demais formas de inserção” a ampliação foi de 2 mil ocupações. O tempo médio de procura por trabalho pelos desempregados passou de 46 para 47 semanas.
Entre julho de 2007 e julho de 2008, foram criadas 125 mil empregos, sendo 66 mil nos serviços, 24 mil no comércio, 20 mil na construção civil, 13 mil na indústria e 2 mil no agregado outros setores de atividade.
Comparando julho de 2008 com julho de 2007, houve geração de 124 mil empregos com carteira assinada e estabilidade entre os assalariados sem carteira. No setor público, foram criados 3 mil postos de trabalho e o emprego doméstico apresentou estabilidade. Entre os autônomos houve redução de 5 mil ocupações e no agregado “demais formas de inserção” a ampliação foi de 3 mil postos.
O coordenador da FJP Plínio Campos afirmou que, desde 2003, as taxas de desemprego vêm caindo na RMBH. “Em março de 2003, tínhamos taxa de 21% e cerca de 500 mil pessoas desempregadas e hoje está em 9,6%, com 253 mil desempregados. Até o fim do ano as taxas devem se manter baixas, pois as empresas já trabalham com as encomendas para o Natal. Além disso, o crédito deve continuar crescendo e os salários expandindo, o que faz o consumo doméstico avançar e indica que em 2009 manteremos esse ritmo de criação de empregos”.
Qualificação
Segundo o superintendente de Monitoramento, Controle e Avaliação de Políticas Públicas do Trabalho da Sedese, Emílio Rodrigues Botelho, a construção civil não gera mais postos de trabalho por falta de mão-de-obra qualificada. “A procura é grande, tanto que a Sedese acaba de qualificar 260 pessoas no Centro Público de Promoção do Trabalho (CPPT) para trabalhar nas obras do Centro Administrativo. São carpinteiros, pedreiros, armadores que no outro dia já estavam de carteira assinada. E vamos começar a treinar mais 1200 nos próximos dias”, ressaltou.
Ele informou também que a Sedese vem recebendo demandas de todo o Estado, como do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool que, nos próximos três anos, vai necessitar de 50 mil novos trabalhadores. No mesmo período, o setor de silvicultura necessitará de 12. mil pessoas e empresas do setor minero-metalúrgico do Alto Paraopeba vão precisar de 40 mil trabalhadores até 2012. “Desses 40 mil, 32 mil serão qualificados pela Sedese e oito mil pelos sistemas de Ciência e Tecnologia e Educação. Temos também solicitações do setor minero-metalúrgico do Vale do Aço, que prevê a contratação de 21 mil trabalhadores nos próximos quatro anos, e na RMBH, onde o Sicepot e o Sinduscon nos informou que o setor da construção civil precisará de 22 mil pessoas em dois anos”, explicou o superintendente.
Rendimentos na RMBH
Entre maio e junho, o rendimento real médio dos ocupados na RMBH apresentou elevação de 1,8%, passando de R$ 1.081, em maio, para R$ 1.100, em junho, enquanto o salário real médio permaneceu relativamente estável (0,1%), indo de R$ 1.141 para R$ 1.142. Já o rendimento real médio dos autônomos cresceu 3,5% (de R$ 793 para R$ 821).
No setor privado, o salário real médio aumentou em 1,4%, de R$ 965 para R$979; na indústria subiu 8,3%, chegando a R$1.181; no comércio caiu 2,7%, para R$781; e nos serviços ficou relativamente estável (-0,3%), passando de R$ 968 para R$ 965. A massa de rendimento real dos ocupados aumentou em 3,1%, reflexo de aumentos no rendimento e no nível de ocupação; já a dos assalariados, devido à relativa estabilidade no emprego e no salário, variou em 0,4%.
Menor taxa
A RMBH continua tendo a menor taxa entre as seis regiões pesquisadas (9,6%). A taxa média das seis regiões ficou em 14,6%, sendo que o Distrito Federal registrou 15,8%, Porto Alegre 11,9%, Recife 21,6%, Salvador 20,4% e São Paulo 14,1%. Plínio ressaltou que “São Paulo tem um peso muito grande no total das regiões e por isso o desemprego não caiu mais”. Nessas regiões foram criados 844 mil empregos, dos quais 120 mil na indústria, 161 mil no comércio, 428 mil nos serviços, 84 mil na construção civil e 51 mil no denominado “outros setores”.
O rendimento médio dos ocupados nas seis regiões ficou em R$ 1.154 e dos assalariados em R$ 1.238. No Recife os rendimentos dos ocupados foram de R$ 730, em Porto Alegre R$1.134, em Belo Horizonte R$1.100, no Distrito Federal R$ 1.676, em Salvador R$ 936 e em São Paulo R$ 1.205.