Como de costume nosso último dia no Peru começou cedo, arrumando as malas para acompanhar o último compromisso oficial do governador Ivo Cassol com os empresários da caravana em Tacna, no centro-sul do país.
Estrada serpenteia no deserto peruano
Às 8:30 chegamos ao CETICOS – Centro de Importação e Exportação, onde o presidente do Departamento (governador dos peruanos) nos recebeu para um café da manhã e reunião com os maiores empresários locais interessados em comprar e vender os nossos produtos, principalmente derivados de carne, frutas e verduras, que não são produzidas por lá devido ao clima árido e frio. Após uma breve solenidade e troca de presentes entre os governadores caímos na estrada rumo à La Paz, capital da Bolívia, distante cerca de 700 quilômetros de Tacna, atravessando o deserto.
A comitiva oficial, com o governador, seguranças e equipe médica saiu na frente, e ficamos esperando nosso fotógrafo concluir o trabalho na reunião e mais dois veículos de empresários que iriam conosco mais cedo para La Paz e Porto Velho.
A viagem foi tranqüila, alcançamos a comitiva rapidamente pois, apesar da estrada plana e das excelentes condições do asfalto, o policiamento que escoltava o grupo não passava dos 90 Km/h. Enquanto o grupo parou na alfândega chilena (para encurtar caminho passamos por um pedaço do Chile) os 3 veículos que faltavam se integraram aos demais e seguimos juntos numa estrada completamente deserta, subindo os Andes. Um oásis em meio ao nada nos chamou a atenção: o Vale de Redentor, próximo a Omate, é a única fonte de água na região em mais de 200 quilômetros de areia, e é cultivado pelos camponeses que ali criam seus animais. Água naquela região é considerada uma verdadeira preciosidade, e pudemos perceber o motivo.
Por volta do meio-dia paramos para almoçar e abastecer, e o cardápio de praticamente todos foi inesquecível: sanduíche de queijo, bolacha água e sal e refrigerante quente, pois no Peru não é costume colocar as bebidas na geladeira. Como não existem restaurantes na beira da estrada cada um se virou como pôde, e quem tinha um pouco mais dividiu com quem não trazia nada, e todos “almoçaram”, pois precisávamos chegar na balsa que faz a travessia para a Bolívia antes das 21:00 horas, e estávamos atrasados.
Mais um pouco de estrada a 90 por hora serpenteando pela encosta da montanha e chegamos a Moquegua, último cidade do Peru e ponto de passagem dos mochileiros que vão em direção á Cuzco e Machu Pichu, onde teríamos que atravessar a fronteira. Já havia escurecido, e o representante da embaixada que nos recepcionou fez de tudo para atravessarmos com rapidez mas não teve jeito, a burocracia e a falta de estrutura do posto fiscal boliviano nos tomou quase uma hora e meia de papéis e formulários, e o governador decidiu dormir em Copacabana, no lado boliviano, pois seria arriscado seguir viagem com a comitiva e não atravessar a tempo.
Como nosso vôo decolava às 7:00 horas, não teríamos nenhuma chance de chegar a tempo se esperássemos até o dia seguinte, e decidimos arriscar a travessia, e seguimos com um segurança até o lago. Eram 21:05 quando chegamos ao porto e a última balsa já havia partido, mas mesmo assim fomos conversar com o capitão da guarda para nos liberar, e foi aí que a sorte nos sorriu: o comandante já havia avisado que o comboio passaria por lá, e que deveriam nos dar todo apoio que precisássemos, e assim aconteceu. Chamaram um barqueiro e uma balsa nos levou ao outro lado, numa travessia de meia-hora pelo lago Titicaca, que naquele ponto atinge mais de 300 metros de profundidade de águas geladas…
Do ponto de travessia até La Paz gastamos mais duas horas e meia e fomos direto para o aeroporto almoçar (ou jantar), pois já eram 23:00 horas e todos estavam famintos. O Eugênio, da Cairu Bicicletas, patrocinou o lanche da turma, que feliz e satisfeita não recusou a oferta! De lá para o hotel, dormir algumas horas e seguir para o aeroporto às 5:30 da manhã para não correr o risco de perder o vôo.
De La Paz a Porto Velho, uma aventura aérea para chegar em casa
Nosso grupo se dividiu em dois em Tacna, um seguiu para La Paz e outro para Cuzco. O grupo que foi para La Paz novamente se dividiu na fronteira, pois somente 4 integrantes precisariam chegar mais cedo à capital boliviana, uma vez que os demais embarcariam às 10:30 da manhã e poderiam dormir um pouco mais.
O meu grupo não teve esta sorte, e às 5:30 estávamos no balcão da companhia aérea fazendo o chek-in de dois empresários, o Eugênio Ribeiro, da Cairu Bicilcetas, e o Flávio da Autovema, que embarcaram sem problemas para Trinindad e Guayará-Mirim, para atravessarem o Mamoré de barco e seguir viagem até Porto Velho, mesmo roteiro que seria seguido mais tarde pelo governador Cassol e pelo secretário Genaro. Os demais integrantes da comitiva continuam na estrada, e só devem chegar a Porto Velho na tarde do sábado ou no domingo, dependendo da rota que tomaram até a capital.
De toda esta aventura ficou na lembrança as belas paisagens das estradas peruanas, tanto da subida na selva amazônica, o altiplano andino e a descida pelas encostas desertas do Pacífico. Mas a maior lembrança que vamos guardar será a hospitalidade e a gentileza do povo peruano, que em todos os lugares que chegamos nos recebeu de braços abertos e com muito carinho. Todos, sem exceção, foram muito gentis e educados, não tivemos nenhum problema com os carros, apenas o mal estar causado pela altitude que já era esperado pelos integrantes da comitiva.
Não fiz parte do grupo que seguiu para Cuzco, por isso não posso dar maiores detalhes, mas garanto que aqueles que foram também virão com a mesma impressão: que o Peru é um país carente de investimentos, que seu povo é cordial, educado e hospitaleiro, e que as belezas naturais são tantas e tão intensas que vale à pena voltar lá um dia. E eu voltarei, com certeza!
P.S. Os nossos sinceros agradecimentos aos que contribuíram com o êxito da nossa viagem: motoristas, mecânicos, seguranças, funcionários administrativos do Governo do Estado, da Embaixada e do Consulado do Brasil, empresários e familiares que nos receberam de braços abertos em nosso retorno.
Fonte: DECOM – Departamento de Comunicação Social